5.º - Kraftwerk – “Trans-Europe Express”
A primeira e quase única vez que pedi dinheiro ao meu Pai para comprar o
quer que fosse, foi precisamente este disco. E lá fui eu sozinho à Valentim de
Carvalho que existia no Chiado, faz tantos anos que tenho vergonha de enunciar.
Esse investimento de cerca de 200$00 revelou-se acertadíssimo, comprei e ainda
hoje o tenho, um dos discos que mudou a história da música. Falar de Kraftwerk
é para mim um dos temas preferidos, é uma das minhas bandas preferidas de todos
os tempos, cheguei a ir a Dusseldorf, como cheguei a ir a Manchester (escuso de
referir porquê os mais atentos saberão) para conhecer o seu berço. Para tentar perceber
porque é que naquela cidade surgiu um dos movimentos experimentalistas (KrautRock),
no qual KraftwerK é o seu expoente máximo, que mais contribui para a evolução
da música moderna, nomeadamente a independente (hoje indie). Poderia estar aqui
horas as escrever nomes de bandas que foram influenciadas e que continuam a ser
por KraftwerK e pelo movimento krautrock, mas o mais importante é tentar
transmitir, a circunstância de ser um mundo de agradáveis sensações a desvendar
para aqueles que gostam de música. Apenas uma nota final nesta introdução, para
alguns será inflamatória, para outros não: - Nem os Beatles conseguiram
modificar, pela sua influência, a música como os KraftwerK.
Porquê “Trans – Europe Express” – Neste trabalho os talentosos KraftwerK
para além de fazerem música como até então antes nunca alguém tinha tentado
fazer, conseguiram efectuar um álbum melodioso, em que falam da Europa do seu
tempo e da Europa que esperam encontrar no futuro. Falam de pessoas, que vivem
como manequins, despidas de valores, que se preocupam apenas com o aspecto e o
aspecto dos outros, fazem uma maravilhosa imagem pela Europa “Interminável”,
onde descobrem em Berlim David Bowie e Iggy Pop a absorverem o melhor do que na
Alemanha se desbravava em termos musicais. Cantam sobre salas de espelhos
reveladores dos escondidos medos de quem neles se vê. Fazem tudo isto, sem
letras compridas, antes com frases-ideias. Com pouco dizem muito e ainda
conseguem a final do álbum fazer uma homenagem a Franz Shubert, talvez porque
se sentissem como ele sentiu durante a sua vida, mais um artista incompreendido
pelos seus contemporâneos", sem reconhecimento público. Em analogia com os
Kraftwerk, hoje, o estilo de Shubert é considerado por muitos como imaginativo,
lírico e melódico, fá-lo ser considerado um dos maiores compositores do século
XIX, marcando a passagem do estilo clássico para o romântico, tal como os
Kraftwerk marcaram a passagem da entoação Pop, para a “melodia automática humana.”
Kraftwerk é muito mais que homens a fingir que são robôs, Kraftwerk são homens que
depuraram as canções até à sua mais ínfima parte. Kraftwerk é kraftwerk, antes
e depois, mais ninguém fizeram música como eles.
·
Este
apontamento não foi totalmente revisto, peço desculpa pelas gralhas e outros
atropelos que possa ter, prometo que irei depurar o mesmo toda essa bicheza assim
que tiver um pouco mais de tempo ou paciência.
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