ACREDITEM QUE É O QUE TENHO PARA VOS CONTAR.
Não vou maçar ninguém com a
temática, já sobejamente descarnada, pois mais nada existe a acrescentar, de
que os elevados valores patrimoniais nos afastam da espiritualidade (os ricos
vão para o inferno) e nem sequer é pelo facto de pensar que a miséria ainda
afastará muito mais - os pobre vão para o céu dizem- mas como é que alguém com
a barriga vazia conseguirá sentir a sua espiritualidade? Mas tão-só e apenas
porque já não aguento mais opiniões avalizadas de quem nunca sentiu.
A insubstancialidade das coisas é
algo estranho que nos ultrapassa sobre que maneira, traduzindo-se num validado
risco de credibilidade social qualquer tentativa, vã ou não, que se faça para
descrever algo que caía fora da regularidade do que é esperado ser, o que não
quer dizer necessariamente que o seja, nem tão pouco que não o é.
Eu hoje sem qualquer complexo,
estou preparado para apontar o dedo e a benevolência.
O dedo a quem teima em querer
validar as suas regras pessoais contra todos os demais, e a benevolência contra
todos os que carregam, em ansiedade teimosa, de a necessidade de a querer negar
o que não conhecem.
Pelo que sem qualquer problema
consigo hoje revelar algo da minha existência espiritual, pois dei com o facto
de que existem os olhos apreciativos e
comunicadores celestiais dos bebés. Que olhando-nos, olhos nos olhos, nos
fazem aferir a pureza da nossa alma. Eu já senti isso, duvido que mais ninguém
o tenha sentido, pois somos que perscrutados nos pecados, avaliados na virtude,
avaliados quanto à nossa pureza. E quando anuem acerca da nossa espiritual
imaculabilidade, como que nos sopram uma brisa de conciliação que nos faz
sentir que viver, só por si é um feito deslumbrante. Quando nos confrontam a
alma e deslindam que esta enlameia de desvirtude, como que a açoitam com ventos
de levante que nos fazem questionar a razão da existência. Fazendo-nos
controverter tudo o que já fizemos e somos em grande aflijo.
Isto é uma loucura pegada eu sei,
mas como sabem são as singularidades que levaram à evolução da espécie humana,
assim como a de todas demais. Pelo que não me sinto o elo perdido, ou
entroncado, entre um homo sapiens sapiens e um homo sapiens sapiens spiritus,
sou apenas e tão só um frágil aperto de moléculas que formam em mim a carne e
ossos que me carregam, que abandonadamente em solidão quanto ao crer,
empiricamente sentiu a existência do prodígio.
Ou então sou eu que gosto de
viver neste meu mundo, em que temos aprovação ou desaprovação dos nossos actos
na procedência divina dos olhares mais puros do mundo, uma vez que os relatados
os olhos não conhecem qualquer egoísmo que justifique sequer a luta pela sua
própria existência, por isso são genuinamente genuínos. Limitam-se a existir e
a olhar para o nosso imo. Ou então fazem-nos tão apenas crer que efetivamente o
temos, o que se por si já é um grande feito.
Explicações existenciais à parte.
Que existem, existem!
Sintam-nos! Procurem-nos!
Abracem-nos! Olhem-nos nos olhos! E façam-no sem qualquer receio de um qualquer
processo, que converta esse são ato em um qualquer crime hediondo, porque
correr riscos é uma consequência dos dias de hoje, mas quem não o corre nunca
sentirá a experiência de candura que transborda dessas pequenas criaturas.
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