domingo, 1 de maio de 2016

The Cure – Faith

The Cure – Faith

Os iniciais Easy Cure que mais tarde deram origem aos “The Cure” são uma das bandas do chamado movimento alternativo que mais venderam até hoje. Em 2004 já registavam mais de 30 milhões de discos vendidos.

De facto ao analisarmos o volume de vendas desta banda tal como o atual movimento “indie” – basta olhar para os cartazes dos festivais, onde só constam bandas chamadas de “indie” que depressa nos apercebemos que hoje em dia é muito difícil categorizar quem é quem no contexto da música.

Mas os “The Cure” aqui e alí com elevados níveis de popularidade nunca deixaram de ser uma banda fiel à sua matriz estética, marcada por um bom gosto sem paralelo. Note-se que como banda existe pelo menos desde 1978 para nos apercebermos que são quase 40 anos de música, sem nunca se deixarem de possuir um rumo de que são eternos fieis. Robert Smith o mais popular de todos os intervenientes dos The Cure nunca se cansou de pautar a sua carreira por uma enorme criatividade, pelo que nos deixa um enorme legado de incríveis arranjos da sua enorme e valiosíssima coleção de guitarras, esplendidas linhas rítmicas (baixo e bateria) que têm sido usadas por outros colossos da música como Massive Attack, Sufjan Stevens, entre outros nomes. Enorme legado de letras e arranjos musicais também para outras bandas.

Falar da carreira dos The Cure é uma enorme epopeia que atravessa a década de 80 até aos atuais dias, pelo que eleger um melhor álbum de uma banda que tem 13 álbuns de originais e mais uns 5 álbuns ao vivo que eram pautados por profundos arranjos dos seus temas originais, é uma tarefa ingrata e que poderá até ser pautada por alguma injustiça devido a ao autor deste texto ter num determinado contexto histórico algum tipo de contacto mais profundo com este ou aquele disco.

Quando resolvi assinalar o melhor álbum de sempre dos “The Cure” como parte de um projeto que tenho em conseguir eleger os 100 melhores álbuns de sempre da “Indie”,  tive a agradável embora árdua tarefa de ouvir várias vezes em contextos diferentes todos os álbuns dos The Cure.

Depois da desinteressada mas atenta audição de todos os seus trabalhos, detive-me a minha atenção no seu terceiro álbum de originais, de seu nome Faith. Um trabalho notável, em que realço o enorme rendilhado rítmico, que ombreia o estilo da Joy Division e do seu incontornável Unknown Pleasures. Álbuns contemporâneos que têm que ser ouvidos em simultâneo de forma agarrarmos toda a estética pautada por sons “cinza – negros” destas duas enorme bandas. Note-se que no momento histórico e musical riquíssimo dos anos 80 – ouvia-se o Disco, os ABBA arrasavam com melodias simples mas eternas, estavam a entrar em ribalta o pop de melodia simples dos Duran Duram, Talking Heads criam alguns dos seus melhores temas, David Bowie pautava a criatividade e tanto outros nomes que se tornaram gigantes da música. Mas à época quem ouvia dos The Cure? Muito poucos, lembro-me de no meu bairro no inicio dos anos 80 ter um escrito numa parede – esse escrito era The Cure. O que me levou a entrar em contacto com os mesmos, descobrir suas melodiosas linhas rítmicas contagiantes e ficar viciado no mesmo, mas este pequeno-grande tesouro nunca teve no meu entender os reconhecimentos públicos que merece.

Deixo ao vosso critério ouvir o mesmo com atenção que merece, fazendo votos que o devorem com a mesma sofreguidão com que o tenho feito nos últimos tempos.

Existem álbuns intemporais – Faith é um deles, tem 36 anos e parece que foi ontem gravado.




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