Como vem sendo hábito,
fruto de um exercício esquizoide e bipolar dos “membros” das preces incorporados
num só corpo físico, escolhe-se este ano, bastante frutuoso em trabalhos, os
melhores dos melhores. Este ano destaca-se o facto de os consagrados
conseguiram-se impor aos novos talentos. Pelo exposto e sem mais delongas
vamos/vou enunciar quais os melhores trabalhos de 2012 distinguidos pelas
preces. Prémios que já são uma referência por exemplo em países como a Rússia e
Andorra (ainda não entendemos o porquê da disparidade.
1.º
CAT POWER – SUN (Álbum do ano)
Este ano como se disse,
é o ano do retornar dos consagrados, muito se esperava de XX (desilusão absoluta)
e de Grizzly Bear (melhor que o anterior mas a anos luz do seu anterior
trabalho). Entre outros nomes de quem muito se esperava surge o nome de Cat
Power, que edita o seu primeiro álbum de material original desde 2006, que
se revela um lado mais leve, mais otimista de Charlyn Marie Marshall, ou
seja, consegue-se reinventar e de certa maneira renovar a sua carreira. É um
trabalho de audição fácil, sem dúvida mais pop, mas consegue ao mesmo tempo deslumbrar
o ouvinte com fórmulas e ritmos inovadores. Recomenda-se sem qualquer dúvida!
2.º
Animal Collective - Cetipede HZ
Já tudo foi dito acerca destes "animais
colectivos". Mas este último álbum é bom demais para que se deixe passar
em branco. Claro que reeditam velhas fórmulas, mas fazem-nos com tanto vigor
que parece ser o primeiro disco da banda.
Cetipede HZ é sem dúvida alguma um dos melhores trabalhos deste ano seguramente. Transbordam cheirinhos de "Beach Boys", sempre presentes nos temas de Animal. Mas o Colectivo tem uma vantagem perante todas as outras bandas. Eles inventaram a sua sonoridade, intensa irreverente e apelativa. Para quem não viu, recomendo que assista a um concerto deles ao vivo. Não tem qualquer paralelo com nada do que é composto atualmente.
Animal Collective são e serão no futuro uma das maiores referências de muita gente que começou nisto da música faz pouco tempo. E cada lançamento de um novo trabalho é uma verdadeira celebração.
Cetipede HZ é sem dúvida alguma um dos melhores trabalhos deste ano seguramente. Transbordam cheirinhos de "Beach Boys", sempre presentes nos temas de Animal. Mas o Colectivo tem uma vantagem perante todas as outras bandas. Eles inventaram a sua sonoridade, intensa irreverente e apelativa. Para quem não viu, recomendo que assista a um concerto deles ao vivo. Não tem qualquer paralelo com nada do que é composto atualmente.
Animal Collective são e serão no futuro uma das maiores referências de muita gente que começou nisto da música faz pouco tempo. E cada lançamento de um novo trabalho é uma verdadeira celebração.
Um conselho muito sério: Para quem não comprou o
Coexist dos XX e que assim ainda tem umas coroas no bolso, aproveite e
experimente este delicioso Cetipede HZ que é uma excelente porta de entrada
para os mundo dos Collective.
3.º
TOM ZÉ
É considerado uma das figuras mais originais da música
popular brasileira, tendo participado ativamente do movimento musical conhecido
como Tropicália nos anos 1960 e se tornado uma
voz alternativa influente no cenário musical do Brasil. A partir da década também
passou a gozar de notoriedade internacional, especialmente devido à intervenção
do músico David Byrne, sim o que foi fundador dos geniais Talking
Heads. Este ano o Sr. Tom Zé, que já tem a profícua idade de 76 anos, lançou um
dos melhores trabalhos deste ano com o seu TROPICÁLIA LIXO LÓGICO, uma sucessão
incrível de temas que foram muitíssimo bem ilustrados por Gabriel Picanço:
“Uma
mente que poucos conseguem acompanhar com facilidade, mas que fascina os que se
dispõem a tentar entendê-la. “Explicar para confundir e confundir para esclarecer”
é a missão de Tom Zé. Uma das peças-chave do movimento tropicalista, em Tropicalia Lixo Lógico (2012,
Independente) o baiano explica-confunde a invasão do córtex cerebral pelo lixo
lógico que deu origem a essa revolução cultural nos ano 60. Tom Zé recorre à
fundamentos da filosofia, da história e até mesmo da neurologia, assessorado
pelos estudos de Paulo Prado, Euclides da Cunha e Sérgio Buarque de Holanda que
relacionam a origem mestiça e a confusão de influências com as características
culturais e psicológicas do povo brasileiro, para explicar o nascimento da
Tropicália.
Por
ser Tom Zé, a tese é na mesma medida complicada, absurda e fascinante. Segundo
ele, o cérebro humano aloja, no hipotálamo, o que é desprezado pelo raciocínio
primário da região principal de nosso cérebro, o córtex. O contato com o
pensamento lógico ocidental (sacramentada na figura de Aristóteles) iniciado na
creche faz com que as crianças (analfatóteles, os analfabetos em Aristóteles)
abandonem o raciocínio nativo, de origem moura, oriental, que se transforma em
uma matéria cerebral latente, armazenada no depósito de lixo do hipotálamo.
Porém, uma vez ou outra, esse lixo lógico toma o lugar que lhe era de direito e
se funde com o que já estava lá.
A
invasão do lixo lógico no caso da gênese tropicalista se deu quando Gilberto
Gil, Caetano Veloso e outros se debruçaram sobre a cultura popular nordestina
(sem muita influência da escola ou de Aristóteles) a fim de dar novos rumos à
arte que produziam. Essa volta ao ancestral foi justamente o que modernizou a
cultura brasileira: “Saímos da idade
média nacional/Diretamente para a era do pré-sal“, canta Tom Zé em Tropicalea Jacta Est. Em Tropicália Lixo Lógico as faixas
que contam a história do movimento cultural se revezam com outras canções com
um pouco menos de carga teórica. Mallu Magalhães participa em O Motobói e Maria Clara, uma singela
canção sobre um motoqueiro, o trânsito e sua amada. Aviso aos Passageiros é a versão
em canção dos avisos de segurança encontrados nos elevadores. NYC Subway Poetry Department, em
inglês e com a participação de Rodrigo Amarante, segue a mesma linha.”
Tal como no ano passado, os premiados têm como
prémio o direito a uma bela sardinhada no Seixal, regada como o melhor vinho do
Poceirão. Em dia a determinar, pela administração das preces…
Votos de um bom ano e que já agora venha com boa
música.
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