sábado, 29 de dezembro de 2012

Os melhores de 2012


Como vem sendo hábito, fruto de um exercício esquizoide e bipolar dos “membros” das preces incorporados num só corpo físico, escolhe-se este ano, bastante frutuoso em trabalhos, os melhores dos melhores. Este ano destaca-se o facto de os consagrados conseguiram-se impor aos novos talentos. Pelo exposto e sem mais delongas vamos/vou enunciar quais os melhores trabalhos de 2012 distinguidos pelas preces. Prémios que já são uma referência por exemplo em países como a Rússia e Andorra (ainda não entendemos o porquê da disparidade.

1.º CAT POWER – SUN (Álbum do ano)
Este ano como se disse, é o ano do retornar dos consagrados, muito se esperava de XX (desilusão absoluta) e de Grizzly Bear (melhor que o anterior mas a anos luz do seu anterior trabalho). Entre outros nomes de quem muito se esperava surge o nome de Cat Power, que edita o seu primeiro álbum de material original desde 2006, que se revela um lado mais leve, mais otimista de Charlyn Marie Marshall, ou seja, consegue-se reinventar e de certa maneira renovar a sua carreira. É um trabalho de audição fácil, sem dúvida mais pop, mas consegue ao mesmo tempo deslumbrar o ouvinte com fórmulas e ritmos inovadores. Recomenda-se sem qualquer dúvida!



2.º Animal Collective - Cetipede HZ
Já tudo foi dito acerca destes "animais colectivos". Mas este último álbum é bom demais para que se deixe passar em branco. Claro que reeditam velhas fórmulas, mas fazem-nos com tanto vigor que parece ser o primeiro disco da banda.

Cetipede HZ é sem dúvida alguma um dos melhores trabalhos deste ano seguramente. Transbordam cheirinhos de "Beach Boys", sempre presentes nos temas de Animal. Mas o Colectivo tem uma vantagem perante todas as outras bandas. Eles inventaram a sua sonoridade, intensa irreverente e apelativa. Para quem não viu, recomendo que assista a um concerto deles ao vivo. Não tem qualquer paralelo com nada do que é composto atualmente.

Animal Collective são e serão no futuro uma das maiores referências de muita gente que começou nisto da música faz pouco tempo. E cada lançamento de um novo trabalho é uma verdadeira celebração.
Um conselho muito sério: Para quem não comprou o Coexist dos XX e que assim ainda tem umas coroas no bolso, aproveite e experimente este delicioso Cetipede HZ que é uma excelente porta de entrada para os mundo dos Collective.



3.º TOM ZÉ
É considerado uma das figuras mais originais da música popular brasileira, tendo participado ativamente do movimento musical conhecido como Tropicália nos anos 1960 e se tornado uma voz alternativa influente no cenário musical do Brasil. A partir da década também passou a gozar de notoriedade internacional, especialmente devido à intervenção do músico David Byrne, sim o que foi fundador dos geniais Talking Heads. Este ano o Sr. Tom Zé, que já tem a profícua idade de 76 anos, lançou um dos melhores trabalhos deste ano com o seu TROPICÁLIA LIXO LÓGICO, uma sucessão incrível de temas que foram muitíssimo bem ilustrados por Gabriel Picanço:
“Uma mente que poucos conseguem acompanhar com facilidade, mas que fascina os que se dispõem a tentar entendê-la. “Explicar para confundir e confundir para esclarecer” é a missão de Tom Zé. Uma das peças-chave do movimento tropicalista, em Tropicalia Lixo Lógico (2012, Independente) o baiano explica-confunde a invasão do córtex cerebral pelo lixo lógico que deu origem a essa revolução cultural nos ano 60. Tom Zé recorre à fundamentos da filosofia, da história e até mesmo da neurologia, assessorado pelos estudos de Paulo Prado, Euclides da Cunha e Sérgio Buarque de Holanda que relacionam a origem mestiça e a confusão de influências com as características culturais e psicológicas do povo brasileiro, para explicar o nascimento da Tropicália.
Por ser Tom Zé, a tese é na mesma medida complicada, absurda e fascinante. Segundo ele, o cérebro humano aloja, no hipotálamo, o que é desprezado pelo raciocínio primário da região principal de nosso cérebro, o córtex. O contato com o pensamento lógico ocidental (sacramentada na figura de Aristóteles) iniciado na creche faz com que as crianças (analfatóteles, os analfabetos em Aristóteles) abandonem o raciocínio nativo, de origem moura, oriental, que se transforma em uma matéria cerebral latente, armazenada no depósito de lixo do hipotálamo. Porém, uma vez ou outra, esse lixo lógico toma o lugar que lhe era de direito e se funde com o que já estava lá.
A invasão do lixo lógico no caso da gênese tropicalista se deu quando Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros se debruçaram sobre a cultura popular nordestina (sem muita influência da escola ou de Aristóteles) a fim de dar novos rumos à arte que produziam. Essa volta ao ancestral foi justamente o que modernizou a cultura brasileira: “Saímos da idade média nacional/Diretamente para a era do pré-sal“, canta Tom Zé em Tropicalea Jacta Est. Em Tropicália Lixo Lógico as faixas que contam a história do movimento cultural se revezam com outras canções com um pouco menos de carga teórica. Mallu Magalhães participa em O Motobói e Maria Clara, uma singela canção sobre um motoqueiro, o trânsito e sua amada. Aviso aos Passageiros é a versão em canção dos avisos de segurança encontrados nos elevadores. NYC Subway Poetry Department, em inglês e com a participação de Rodrigo Amarante, segue a mesma linha.”


Tal como no ano passado, os premiados têm como prémio o direito a uma bela sardinhada no Seixal, regada como o melhor vinho do Poceirão. Em dia a determinar, pela administração das preces…
Votos de um bom ano e que já agora venha com boa música.

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